O ethos de uma empresa é definido a partir do topo, por isso, não deveria fazer sentido que as figuras de topo também precisassem de definir o tom para a cultura de gestão de riscos?
“Não podes controlar as pessoas através de políticas, procedimentos e policiamento. Só o podes fazer através de uma forte cultura de gestão do risco e da integridade absoluta de todos os líderes.” LIDERANÇA EM TESTE, UM MANIFESTO PARA O DESENVOLVIMENTO DA LIDERANÇA
Embora isto seja mais uma opinião do que um facto concreto, é certamente verdade. Assumir a responsabilidade ao mais alto nível de uma organização pela incorporação do risco é essencial para uma gestão eficaz do risco.
Responsabilidades
Os gestores de risco experientes sabem da importância de obter o apoio da direção e de definir as responsabilidades no início do processo.
Uma vez que o sucesso e a sobrevivência de uma empresa podem depender da correta implementação da gestão do risco, é importante que os quadros superiores tenham uma responsabilidade global pela mesma. Muitas vezes, é contratado um Chief Risk Officer dedicado, que responde perante o CEO.
Anteriormente, o risco empresarial era visto como um obstáculo e não como uma necessidade, mas agora as empresas estão a aperceber-se da sua importância. Uma sondagem da HARVARD BUSINESS REVIEW revelou que, em mais de 70% das organizações, uma pessoa ou equipa sénior era diretamente responsável pela gestão do risco, o que mostra que esta está a ser levada a sério.
Comunicação
Se precisas que os colaboradores mudem a sua forma de pensar ou de trabalhar, a forma de os envolver começa com a comunicação dos líderes. A partilha e a explicação da estrutura de gestão de riscos da empresa, dos processos e das responsabilidades individuais das pessoas devem ser consistentes, contínuas e verdadeiras. Um único e-mail enviado a todos os colaboradores pelo CEO, com uma cópia da estrutura em anexo e nunca mais mencionado, não implementará uma cultura de risco eficaz.
48% dos inquiridos no mesmo inquérito da Harvard Business Review concluíram que o Diretor de Riscos desempenha um papel na comunicação da cultura de risco, com o Conselho de Administração a registar 44% e o C-suite a registar 34%.
As pessoas seguem o líder e, se o CEO, o Conselho de Administração e o Chief Risk Officer partilharem a mesma mensagem, esta será apoiada pelos diferentes níveis de gestão e pelos gestores de linha.
Incorporação
Com a cultura de risco a desempenhar um papel vital na mentalidade dos empregados, há um argumento para que os gestores de riscos participem na formação de toda a cultura da empresa.
A ISO 31000, a norma de gestão de risco reconhecida internacionalmente, centra-se na importância de implementar uma cultura de risco coerente numa empresa. Sem este elemento da gestão do risco, todo o planeamento é inútil. Com todas as responsabilidades regulamentares, reputacionais, financeiras e outras que recaem sobre uma empresa, explicar claramente aos colaboradores os passos que devem seguir em situações específicas é fundamental para a sobrevivência do negócio. Tendo em conta a gravidade desta situação, é mais do que apropriado que a comunicação, a responsabilidade e a prática venham do topo.
Como mostrar empenho
É fácil dizer que “estamos empenhados na gestão do risco”, mas como é que o pões em prática? Os líderes têm de ser vistos como estando a aderir à ideia da gestão do risco e como estando eles próprios a seguir os processos.
Eis apenas algumas das formas de mostrar o teu empenho na gestão dos riscos:
- Dá o exemplo – o CEO, o Chief Risk Officer e o Conselho de Administração devem ser vistos a seguir os mesmos processos que se espera que o resto da empresa siga
- Atribuir recursos (humanos e financeiros) para implementar, monitorizar e melhorar a gestão de riscos na empresa
- Introduzir um sistema de gestão de riscos – pode ser uma solução simples ou uma opção personalizada
- Assegura que os responsáveis pela gestão do risco são vistos como líderes na empresa
- Comunica os planos de gestão dos riscos e dá às pessoas afectadas pelos processos (ou seja, todas as pessoas) a oportunidade de contribuírem para os planos
- Dá formação quando necessário.